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Ansiedade e Tecnologia

Jaene Tenorio, Nutritionist
January 2, 2017

English version of this article can be found here

Lembra quando a gente enviava uma carta e demoravam dias e meses para chegar ao destino e depois mais dias e meses para receber uma resposta? Bom, eu me lembro, apesar de não ter quase idade para isso, ainda enviei e recebi algumas cartinhas antes dos novos modelos de comunicação surgirem. Não me lembro, nessa época, de ouvir tanto sobre ansiedade, estresse, depressão. O tempo que uma carta demorava para chegar era esperado “sem stress”. Ansiedade, depressão e estresse eram palavras muito pouco conhecidas. Mas e hoje? Quem nunca ouviu falar em uma dessas? Quem nunca se sentiu ansioso ou estressado?

 

Muitos padrões de comportamento e o estilo de vida em geral, sofreram grandes mudanças nos últimos anos. Portanto, não quero aqui dizer que a tecnologia é a culpada por isso tudo e sozinha, mas, ela faz parte desse contexto de mudanças que geraram o “boom” da ansiedade e estresse no mundo atual.

 

Embora continuamos tendo as mesmas 24 horas em um dia como sempre tivemos há mais de mil anos, temos a impressão de que não conseguimos fazer tudo o que queremos. Com o surgimento da tecnologia ficamos acostumados a ter respostas imediatas. Um clique e tudo o que você quer dizer ou mostrar está no mesmo instante do outro lado do mundo. Não mais longas pesquisas em bibliotecas, abrindo livros e livros em busca de uma informação. Basta uma ou algumas palavrinhas e mais um clique e “todos” os “livros” “se abrem” pra você na página desejada – quer dizer – desculpem meu atraso, não é necessário nem escrever ou clicar, basta dizer para o seu smartphone. Talvez algum dia desses bastará você pensar. É muita rapidez em tudo. É muita informação em um só instante. E aí...quando não temos respostas imediatas, quando não fazemos tudo que queríamos e imaginávamos fazer em determinado período e demoramos um pouco mais do que desejamos, surgem aquelas “palavrinhas” que tanto escutamos hoje: ansiedade e stress.

 

Nós nos cobramos e assumimos muitas responsabilidades e atividades simultaneamente, como se fôssemos uma máquina dessas também, porém sem a capacidade real de dar conta.

 

O transtorno de ansiedade é uma doença conhecida. De acordo com estudo conduzido pela OMS (Organização Mundial da Saúde), entre 1990 e 2013, o número de pessoas com depressão ou ansiedade aumentou em quase 50%, passando de 416 milhões para 615 milhões.

 

Sentimos uma necessidade de estar atualizado sobre tudo e todos (sim e TODOS). Com o constante aumento do uso das redes sociais (meio proveniente do avanço tecnológico) a necessidade de estar por dentro do que se passa com os outros também têm gerado não só aumento de ansiedade e estresse como também depressão. Principalmente pela consciente ou inconsciente comparação com a vida alheia (que geralmente é uma vida muito feliz), preocupação de ter algo de bom e de legal para mostrar “ao mundo”, da aceitação (de quantas curtidas e comentários vão ter), e isso gera mais e mais ansiedade.

 

Uma pesquisa realizada com jovens americanos de 1938 a 2007 mostrou que cinco vezes mais estudantes sofriam de ansiedade e outras desordens mentais em comparação com pessoas da mesma idade que viviam no final da década de 1930, em plena época da Grande Depressão. A resposta para esse aumento, segundo o estudo, seria que atualmente existe uma cobrança maior por aparência, riqueza e status social.

 

E qual é a dica?

- DESLIGUE-SE um pouco.  Saia fazer uma atividade física e outras atividades também que fique longe dos aplicativos.

- Use menos as redes sociais, procure reparar quantas horas do seu dia você passa nelas e em outros aplicativos também e diminua ao máximo esse tempo. Tenha moderação e de preferência, escolha apenas uma ou 2 redes sociais no máximo, não utilize múltiplas plataformas, isso também potencializa ainda mais a ansiedade

-Escreva uma carta a um amigo de vez em quando.

-Leia ao menos um livro de verdade, de papel mesmo. Você também pode tirar um tempo para ir à biblioteca.

-Visite os amigos, marque encontros para conversar à moda antiga (e lembre-se de não ficar com o celular na mão, deixe-o ali apenas para um ligação de emergência)

-E principalmente, quando estiver em casa, procure passar mais tempo com a família e menos com o celular.